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Vida pós-acidente, em meu caso que teoricamente não houve nada de permanente como uma paralisia ou a perda de um membro, trata-se de uma a situação provisória que deve ser absorvida com paciência. Não é definitivo. Ponho-me agora no lugar daqueles que já não tem essa mesma esperança, deve ser muito difícil encarar esta barra, reconheço. Precisa um preparo emocional e racional muito grande. Coseguir principalmente fazer uma troca, o mais satisfatória possível, de uma vida por outra que possa ser suportável. E prazerosa!! Por que não? Sem satisfação ninguém vive! É isso: o antes e o depois. São duas etapas de uma vida, separadas por uma porta chamada de “acidente”.
Nova vida, não de uma inferior para uma melhor, mas para uma assustadora e repleta de desafios e necessidades de bravura e superação. Quem em perfeitas condições pode se imaginar um dia tendo de ser carregado no colo por alguém, ainda que por um breve momento, de uma cama para uma cadeira, ou para um carro, sei lá? Ou tendo de ser auxiliado em uma situação tão íntima como o banho, entre outras que possam nos constranger ao ser “assistido” por um outro alguém. Essa nova vida então passa a ser, entre outras coisas isso, a perda da privacidade...
Creio que para isso, devemos, acima de tudo, não nos entregarmos a sentir pena de nós mesmos, nem a excessivos sentimentos de culpa e auto-comiseração, (o que reconheço que nem sempre é fácil) que podemos achar muitas maneiras de nos sentirmos vivos e úteis.
A “fé” de que ainda podemos realizar algo, fazer a diferença de maneira positiva pra alguém de algum modo. Meu lema: útil e vivo, vivo e útil. Podemos ser produtivos ainda! E por que não? É isso que motiva: o amor, o carinho pelos próximos e a incrível necessidade de ainda ser útil, com o que estiver à mão... É só procurar que encontramos...
Não sentir-se mais então como um fardo, mas um ser livre, livre e comprometido ao mesmo tempo com sua dignidade e seu amor próprio e pelos demais... Amor pela vida!